14/05/2024
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CORNÉLIO SOARES – O coronel Cornélio Soares, um dos mais autênticos representantes do fenômeno sociológico denominado coronelismo ocorrido nos sertões do Nordeste. Numa época em que a presença do Estado era praticamente nenhuma nos sertões, o “coronel” assumia a responsabilidade pelas ações que seriam de responsabilidade dos governantes.

Eram os “coronéis” homens nascidos para liderar, verdadeiros varões. Era Cornélio Soares um desses homens. Possuidor de grande carisma, tornou-se naturalmente o grande líder do município onde chegou com dois anos de idade e viveu toda sua existência: Serra Talhada, antiga Vila Bela. De sua índole pacífica e seu espírito pacificador beneficiou-se Serra Talhada para se transformar na cidade grande e progressista que é hoje, pólo comercial de todo o vale do Pajeú.

Deixou Cornélio Soares, de dois casamentos – o primeiro com Cecília Diniz e o segundo com Úrsula de Carvalho Soares – numerosa prole: 16 filhos, hoje desdobrada em dezenas de netos e bisnetos.

Como todo “coronel” sertanejo, liderou uma facção política, representada pelo Partido Social Democrata (PSD), que tinha como chefe máximo em Pernambuco seu conterrâneo e primo Agamenon Magalhães, de quem foi aliado durante toda a vida. Líder inconteste em Serra Talhada, quem mandava no PSD municipal era Cornélio Soares. O governador Agamenon Magalhães mandava no Estado, quem dava as ordens em Serra Talhada era ele,

Líder político inconteste do município, foi prefeito uma única vez. Não gostou e preferia ficar indicando correligionários para o cargo. Tinha uma característica: nunca comprou votos. Contra esse processo se valia de um argumento que, principalmente nos dias de hoje parece se comprovar: dizia que voto comprado vai cair nas mãos do adversário.

Dele, escreveu o escritor e jornalista Nilo Pereira: “Não sabia dizer as coisas por meios termos. Cornélio Soares era o caráter sertanejo no seu primitivismo autêntico. Era escravo do que prometia. E tinha o gosto um tanto quixotesco de servir a quem quer que o procurasse; foi isso que o transformou num pai de todos naquela sua Serra Talhada, onde deixou a marca profunda de sua personalidade de sertanejo vivido e provado”.

O historiador Luiz Wilson, no seu clássico livro “Velhos e Grandes Sertanejos”, ocupou-se de sua biografia: “respeitável sertanejo… de coração e mãos abertas a todo mundo… sempre fez favores a quantos o procuraram… foi industrial, comprador de algodão, fazendeiro e proprietário… no seu enterro tinha aproximadamente seis mil pessoas, quase todas chorando… fazia favores apenas pela vontade de servir, principalmente nas horas difíceis”.

Cornélio Aurélio Soares Lima nasceu na cidade de Salgueiro, no dia 14 de setembro de 1886, filho do abastado comerciante Tibúrcio Valeriano Gomes Lima e de sua mulher Lucinda Soares Lima, irmã do “coronel” Veremundo Soares. Aos dois anos de idade, Cornélio ficou órfão, razão pela qual seu pai se transferiu para a vizinha cidade de Serra Talhada. Um ano depois seu pai se casou com Maria Parente de Godoy e Cornélio não ganhou uma madrasta, mas uma segunda mãe. Aos 21 anos, com a morte dos pais, como filho mais velho, assumiu a direção das fazendas e lojas da família, funções que desempenhou com bom êxito até falecer em 1955, aos 68 anos de uma vida profícua.

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